quarta-feira, 4 de maio de 2011

Um pouco de Física Médica

Muitos já ouviram falar sobre o T.C.C. (Trabalho de Conclusão de Curso) que somos obrigados a fazer no último ano de faculdade. Meus alunos já devem ter me ouvido falar sobre o meu, realizado na área de física médica, mais especificamente, sobre o exame de Tomografia Computadorizada.

Durante este último ano de faculdade também, tivemos que escrever artigos sobre o TCC, artigos estes, que foram publicados em uma revista especializada em cada área (não me perguntem qual revista publicou o meu, pois sinceramente, eu não sei).

Como o assunto do meu artigo relaciona física, resolvi apresentá-lo para vocês.

Desde já, grande abraço!
E boa leitura!



Tomografia Computadorizada como exame preventivo de câncer de pulmão

Se tivéssemos a capacidade de prever o futuro, poderíamos nos prevenir de algumas doenças que saberíamos que iriam aparecer, ou então tratá-las enquanto possível. Mas infelizmente, esta possibilidade de “ver o futuro” está descartada, mas o fato de prever alguma doença não totalmente.
Para isso, uma imagem poderia muito nos ajudar, caso essa imagem fosse uma imagem nítida de alguma parte de nosso corpo, no qual seria impossível de se conseguir sem a evolução da tecnologia.
Um exame capaz de obter imagens precisas de partes internas do corpo humano em detalhes é o exame de Tomografia Computadorizada. Este exame é considerado a maior invenção da radiologia depois da descoberta do Raio-X, e hoje é um dos mais importantes métodos de diagnóstico, sendo fundamental para a atividade médica, pois se trata de um método não invasivo, ou seja, não é agressivo à saúde e fornece imagem definida das estruturas dos órgãos analisados. Este exame utiliza Raios-X que irão girar em volta da região a ser examinada, formando “fatias” transversais ao comprimento do corpo. Para isso, o aparelho onde é realizado o exame, o Tomógrafo, possui um tubo onde se encontram o emissor e do outro lado, bem a sua frente, o detector, que irão girar simultaneamente na mesma velocidade e no mesmo sentido rotacional, garantindo a leitura dos Raios-X.
O feixe de Raio-X ao incidir com o material a ser analisado sofre uma difração, ou seja, um desvio que varia dependendo do material em questão. Esse feixe chegará ao detector causando um pulso elétrico com diferentes voltagens e para análise destes valores foi criada uma tabela de dados, onde poderá identificar se o material se trata de um osso, músculo, água, gordura, etc. Este processo irá então se repetir por vários ângulos diferentes de projeção, e uma vez obtidas essas imagens em fatias, é feita uma soma dos dados e processados em computador que irá construir uma imagem final da região “fotografada”.
Um exemplo de doença possível de ser prevista em seu início é o câncer de pulmão.
O câncer de pulmão é uma doença causada na maioria das vezes, pelo cigarro, mas claro não é o único causador, pois existe um grupo de pessoas que corre risco em desenvolver um câncer devido também ao seu histórico familiar.
O pulmão faz parte do sistema respiratório, junto com as vias aéreas superiores e a traquéia. Ele ocupa a maior parte do tórax e subdivide-se como se fosse galhos de uma árvore em várias partes cada vez menores, até chegar aos alvéolos que são pequenos saquinhos que, assim como todo o sistema respiratório, são recobertos por vários tipos diferentes de células. É nesses saquinhos que ocorre a troca de oxigênio do pulmão para a corrente sanguínea pelo gás carbônico produzido pelas células do corpo humano.
Junto com o oxigênio, muitas outras substâncias são inaladas junto ao ar que é respirado e que podem prejudicar todas as células a elas expostas. As substâncias tóxicas que entram repetidas vezes em contato com as células que recobrem o pulmão por dentro podem danificar essas células progressivamente até que sofram alterações que podem se transformar em um câncer.
Graças a este exame, já é possível realizar a detecção precoce ou screening que é o processo de procurar um determinado tipo de câncer na sua fase inicial, antes mesmo que ele cause algum tipo de sintoma.
Segundo o Prof. Dr. Anthony R. Lupetin, Professor de ciências Radiológicas e Diretor da Divisão de Imagem Corporal do Allegheny General Hospital (Pittsburg, EUA), em entrevista à Revisa Prática Hospitalar (Número 28 de Agosto de 2003), uma das vantagens da tomografia é que ela pode levar ao diagnóstico de outras doenças que podem explicar o quadro clínico do paciente. Além disso, ela mostra-se efetiva em diferenciar as formas aguda e crônica da doença, e também pela facilidade de ser realizada em qualquer momento.
Para diminuir a mortalidade desse tipo de tumor através da detecção precoce, não só o exame de tomografia, mas como também muitos outros exames continuam sendo estudados na busca do aperfeiçoamento das imagens, pois esse tipo de tumor é comum, e sua principal causa, o fumo, infelizmente é mais comum ainda.

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